quinta-feira, 24 de julho de 2025

#DER91anos


 

Ao completar 91 anos, o Departamento de Estradas de Rodagem, conhecido como DER, não tem o que comemorar. Em vez de homenagens por quase um século de serviços prestados, o que se vê é um processo de desmonte silencioso, agravado pela mais recente reestruturação promovida pelo governo. A metáfora do “enterro em vida” não é exagerada: ela reflete o sentimento de abandono, perda de identidade e invisibilidade que acompanha esse processo. A negligência estatal, sobretudo em relação a instituições históricas e essenciais, representa uma grave ameaça à memória, à eficiência administrativa e à valorização dos servidores públicos.


O DER representa muito mais do que uma sigla ou um setor burocrático. Ele carrega consigo a história de profissionais dedicados, projetos transformadores e uma atuação consistente em prol do desenvolvimento social e institucional. No entanto, as decisões recentes tomadas pelas esferas de poder revelam um descaso crescente. A reestruturação anunciada, longe de modernizar ou fortalecer o órgão, resultou na perda de funções estratégicas, realocação forçada de servidores e esvaziamento de sua missão original. Trata-se de uma tentativa de apagar, de forma gradual, um patrimônio ainda vivo.


Esse processo revela uma lógica de gestão pública cada vez mais orientada pela eficiência fria dos números, ignorando o valor humano e simbólico das instituições. O que está em jogo não é apenas uma estrutura administrativa, mas a própria memória institucional e a dignidade de seus trabalhadores. Quando o Estado escolhe “enterrar vivo” um órgão como o Der, ele não apenas rompe com o passado, mas compromete o futuro, pois enfraquece sua própria base de conhecimento e experiência.


Portanto, é urgente repensar o rumo dessa reestruturação. É preciso escutar os servidores, valorizar a história institucional e reconhecer que não se constrói um país forte apagando suas raízes. O DER, com seus 91 anos de história, merece respeito, visibilidade e investimento — não o silêncio de uma cova administrativa cavada pelo próprio governo.


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